sábado, 12 de abril de 2008

" Já é tarde..."

Resolveu entrar no bar e tomar uma cerveja, cumprimentar alguns amigos, escutar uma piada antiga e rir dos próprios problemas.Sentou e pediu "uma bem gelada, chefia", e seu vizinho, que sentou junto ao grupo, pediu outra.
Foi quando avistou, do outro lado da rua uma imagem incrível.Seus olhos quase se inundaram em pranto, tamanha a beleza da cena. Exatamente do outro lado da rua, na parte de dentro do quintal, uma figura tirou seu fôlego.Era Marcinha, filha de um amigo de infância.Olhava com tédio para a rua, esperando alguém passar e puxar uma conversa, ou algo acontecer para comentar no dia seguinte.
Marcinha tinha mudado.Crescera, e como crescera.De menina mirada e chorosa à mulher de fazer chorar quem a olhava.Estava escorada no portão.Seu rosto parecia um veludo, seus olhos pareciam ler pensamentos, e gostava do que lia.seus cabelos louros faiscavam um brilho intenso ao menor anúncio do sol.Seu nariz era perfeito, como todo nariz de mulher.Sua boca, de lábios pequenos e rosados, pareciam ganhar vida própria e lhe chamar para degustá-los.Suas mãos pareciam frágeis como porcelana recêm produzidas.Seus seios eram ideais, nem grandes e nem pequenos, nem duros e nem caídos.Típicos seios de adolescente.Seu quadril um passaporte só de ida para o inferno, com escala no divórcio e check-list no adultério.Me desculpe a expressão, mas a Marcinha não tinha quadril e sim verdadeiras "ancas" simetricamente desenhadas naquele corpo esguio.Suas coxas, ah aquelas coxas.Quantos acidentes de carro,quantos pescoços virados,quantos olhares de desejo e inveja,quantos braços roxos devido a olhares maliciosos rapidamente detectados pelas esposas.Até mesmo seu pé era perfeito.Unhas bem feitas e dedos proporcionais.Aquela guria não tinha sido parida no Femina ou no Moinhos de Vento, tinha sido desenhada pelo melhor desenhista, pintada com as melhores tintas, construída com o melhor material. Ficou imaginando o quanto seria bom descansar naquele colo, escutar aquela voz, beijar aquele rosto, abraçar aquelas costas, sentir seu cheiro, seu gosto, sua pele.Ficou imaginando como seria mergulhar naqueles seios,apertar aquelas coxas suculentas e sentir o calor daquele corpo."Ah aquele corpo".Imaginou tanto que nem percebeu que seu vizinho lhe chamava, sua cerveja esquentava e que já era tarde.Era hora de acordar e voltar para o seu amado lar, junto de sua amada esposa e seus amados filhos."Ah se fosse a algum tempo atrás...", pensou ele.Mas já era tarde, tarde demais.